sábado, 22 de setembro de 2012

SIMBOLOGIA DO BÚZIO


SIMBOLISMO DO BÚZIO







O búzio, simboliza a origem da manifestação, o que é confirmado pelo seu nascimento  nas águas e seu desenvolvimento. Simboliza as grandes viagens, as grandes evoluções, interiores e exteriores.
É associado as divindades, deuses do interior da terra. O Búzio, no geral,  simboliza o mundo subterrâneo e suas divindades.

O chaorô (guizo), tem simbologia aproximada a do sino, sobretudo pela percepção do som. Simboliza o ouvido e aquilo que o ouvido percebe, o som, que é a vibração primordial. A repercussão do chaorô é o som sutil da revelação do Poder divino e da existência. Tem um poder de exorcismo e de purificação, afasta as influências malignas ou adverte que esta se  aproximando.
O lakidibá, fio de conta de Sakpatá, é feito do chifre do búfalo. Tem o sentido  de elevação, símbolo de poder, um emblema divino. Ele evoca a força vital, da criação, da vida, da fecundidade.
O chifre é poder e força.
O lakidibá não sugere apenas a potência, é a própria imagem do poder que Sakpatá tem sobre a vida e a morte, tem a força, das  quatro direções do espaço.
O lakidibá é encontrado em duas cores: preto e branco. Ele traz a
bondade, a calma, a força, a capacidade de trabalho e de sacrifício pacífica do
chifre do búfalo, que é sua origem. Rústico, pesado e selvagem, o búfalo é também considerado divindade da morte, um significado de ordem espiritual, um animal sagrado.
Na África, o búfalo (assim como o boi), é considerado um animal sagrado, oferecido em sacrifício, ligado a todos os ritos de lavoura e fecundação da terra.
O lakidibá é entregue ao adepto somente na obrigação de sete anos.
Presença certa em tudo ligado a Sakpatá, o duburu (pipoca) representaria as doenças de pele. Jogar o duburu assumi o valor de uma oferenda e resistência. O ato de jogar ajuda contra a morte, contra os elementos hostis, contra si mesmo.
Os narrunos para esses Voduns devem  ser feitos com o sol forte e cada um deles pedeem o que querem comer.  Eles não gostam de barulho de fogos de artifícios.
Uma vez por ano, os Kwes fazem um banquete para as Divindades do Panteão de
Sakpatá, onde devemos comer, dançar e cantar junto com os Voduns.
Os demais Voduns do panteão da terra, sempre são convidados a compartilhar
desse banquete.
Os jejes acreditam que, com essa cerimônia oferecida a essasdivindades, todas as doenças são despachadas do caminho do Kwe e de seus filhos.
Esse banquete é colocado dentro do peji ou do quarto onde mora Sakpatá e os demais Voduns de seu panteão. Toda a comunidade vêm saudar o Deus da varíola, comer e dançar junto com eles e, ali mesmo, é servido o banquete para todos os presentes.

Após essa cerimônia, Sakpatá e os demais Voduns, vestem suas roupas de festa e vão para o barracão, comemorarem seu grande dia, junto com a comunidade. Quando entram na Sala, todos gritam louvores à eles, dançam e cantam, louvando o Deus da varíola, que traz a cura de todas as doenças.
Suas danças e cânticos lembram  as doenças e a cura das mesmas.

Os Sakpatás trabalham muito e têm  papel importante nas feituras de
Voduns. Do início ao fim de uma ahama (barco de yaô), eles atuam com rigidez e vigor, mantendo o bom andamento dos bons costumes morais. Eles são as testemunhas de uma feitura. Após a feitura, se um filho negar alguma coisa que tenha sido feita, eles são os primeiros a cobrarem desse vodunci a mentira que ele está dizendo, assim como também cobram a quebra de segredos.
Todas as folhas  para ferimentos, pertencem a esses Voduns.
Também existem Orixás e Inkices também ligados a cura e doenças, mas não são os mesmos deuses que os Voduns da família Dambirá, da nação Jeje.

AVEJI DA = Ligadas as tempestades, raios, furacões, redemoinhos, ciclones, tufões, maremotos, erupções vulcânicas, aos ancestrais e a guerra, todas as Voduns guerreiras são conhecidas como Aveji da. Até mesmo Oya dos yorubanos, é assim denominada em terras daometano.
As filhas de Oya se intitulam filhas de Vodum Jô, mas  Oya é um Orixá yorubano e Vodum Jò é um ToVodum do panteão de Aveji-da.

Aveji-da =  é o Deus/Deusa das tempestades e dos ventos.
Encontrar as Aveji-da tanto na família Dambirà quanto na família
Heviosso. As Aveji-da, da família Dambirà estão ligadas diretamente ao cultos dos akututos, sendo que cada uma tem sua função. Algumas reinam na fronteira do djenukom com o aikungúmã, outras nos ekúchomê, outras no hou, ôtan e tódôum., outras em humahuan, outras junto com Naê Nana, outras junto aos kpame e "possuídos.
Os Voduns estão sempre em prol daqueles que pedem e precisam do auxílio deles, sejam encarnados ou desencarnados.
Todas essas Voduns, são temidas e respeitadas por akututòs. Elas têm todos os poderes sobre o reino dos mortos e junto com Sakpata e Nae Nana, controlam a vida e a morte.
As Aveji-da da família Heviosso, estão ligadas aos fenômenos da natureza, como o furacão, ciclone, maremotos, erupções vulcânicas, etc. onde os eguns aparecém desencarnados nesses fenômeno são encaminhados imediatamente por elas.
A Velha Vodum Guerreira mora junto com as demais Yamis e todas as Aveji-da prestam culto a mesma e tomam seus conselhos e usam sua magia quando precisam. Ela é um velha Aveji-da que se esconde nas sombras e adora a noite. Os pássaros são seu encanto.

A fúria dessa Vodum destrói os inimigos e fecha um kwe. Dificilmente um kwe fechado por ela consegue se reerguer. Somente através de Baba Egum se consegue chegar a ela para aplacar sua fúria.
As Aveji-da são mulheres muito vaidosas, gostam do belo,  adoram a natureza. São todas muito vaidosas e autoritárias, não gostam de receber ordem de ninguém principalmente dos homens, mas quando fazem suas vontades e caprichos tornam-se dócies e carinhosas. São muito maternais, defende  seus filhos, com toda a garra de guerreiras.
As Aveji-da comem cabra ou cabrito, galinha, galo, d'angola, pombo e outros bichos. Gostam de abara, acarajé, alapadá, quiabada, inhame, peixe, acarajés recheado com quiabo. Seus apetrechos são o erugim, adaga, espada de lança curta com a ponta em forma de meia lua, faca, chicote, chifre de búfalo e de boi, fogareiro de ferro, abano de palha ou
pena (leque), abanos confeccionados em madeira, bonecas(fetiche), maruo.

Usam todas as cores em suas vestimentas. Seus colares ou fios de conta são de variadas cores e formato. Gostam de todos os metais, sendo que o ferro, o cobre e a prata são seus preferidos. A confecção de apetrechos,vestimentas são determinados pelas próprias Voduns, portanto não existe uma "receita" própria.
As Oyas feitas dentro do culto de Voduns aderem todas as características das nativas e recebem também todos os apetrechos dentro de suas origens.

LINGUAGEM:
djenukom - céu (orum)
aikungúmã - terra (aiye)
ekúchomê - cemitério
tódôum -rio
hou - mar
ôtan - lago, lagoa
ahuan - guerra, batalha
humahuan - campo de batalha (guerra)
kpame - doentes, enfermos
akututòs - ancestrais, egungum ekùs – eguns
Tobossis/Naês/Mami Wata
Tobossis, Naês ou Mami Wata, são todas as Voduns femininas das ezins jeçuçu, jevivi e salobres. e salobres.
Em todas as famílias de Voduns encontramos Naês, mas a maioria delas, são da família Dambirá, panteão da terra.
No Brasil, chaman-na de Oxum, nas casas Jeje, de Tobossi.
Tobossis são Voduns femininos e infantis e são muito parecidas com as
Naês,  foi daí que o brasileiro passou a chamar Oxum de Tobossi.
Como a maioria dos seguidores do Candomblé sabem que, Oxum é um Orixá da nação Ijexá, muito cultuada por todas as nações, inclusive o Jeje mas,  existem Oxum e Naês. Quando na nação Jeje, uma pessoa é feita de Oxum, dizem que ela é feita de Orixá, mas quando  a pessoa é feita de Naê, dizem que ela é feita de Vodum.

As Naês vivem em plena harmonia com toda e qualquer entidade que mora nas ezins. Nesse habitat não existe separação de nações.
As Naês ou Mami Watas, são mulheres vaidosas, exigentes, caridosas,
guerreiras, outras caçadoras. Gostam do brilho das pedras e do ouro, adoram se enfeitar com colares, pequenas conchas e caramujos, pulseiras, pequenas penas coloridas. Seus adornos são feitos por elas mesmas, caso alguém queira fazer para elas, essas exigem que seja feito exatamente como elas fariam.

Algumas Naês gostam de ficar a beira dos tódôum, sentindo e recebendo a energia do guhê, das atinçá, do djóom, da sum, etc.. Essas são muito falantes, gostam de dançar, cantar, caçar junto com Otolu, pescar junto com Ajaunsi, macerar folhas junto com Agué, comer amalá com Sobo, Aveheketi e Ahevessul, etc.
Gostam de caminhar pelas matas, praias e lagoas, ondem residem outras Naês.

Essas preferem as profundezas das ezins onde a paz reina com toda a
plenitude da natureza,  não gostam de se expor aos olhos de curiosos e são de falar muito pouco.
As Naês que moram nas ezim salobres, são as mais guerreiras, cultuam os ancestrais, lidam com eguns e a magia é seu forte.
As Naês usam roupas de várias cores sendo que, mas algumas  adoram o dourado e confecciona-se roupas com tecido amarelo com tons dourado,  mas nunca esquecer dos detalhes que completam a simbologia da roupa a ser usada.

Seus assentamentos podem ser feitos em louças, em bustos de madeira, argila ou cô, dependendo da Vodum que se está assentando.
Comem: bò, catraio, marreca, kôkôlo, uhui, caças, eché.
Dependendo da Naê, ela traz nas mãos: ezuzu (abebê), pena, ofá, lira, eché (de preferência vivo), cobra, espada ou adaga.

SIMBOLOGIA E LINGUAGEM:
kôkôlo - galinha
bò - cabra ou cabrito
có - barro
eché - pássaro
uhui - peixe
ezim - água
atinçá - árvores, folhas
sum - lua
djóom - vento
tódoum - rio
catraio - galinha da angola
guhê - sol
jevivi - salgada
jeçuçu - doce

A ORIGEM DE FA

Gbadu nasceu após os gêmeos Agbe e Naete. Possui dezesseis olhos e é um deus andrógino.
Mawu designou-o a viver no alto de uma árvore de palma, no Orum, a fim de
observar os reinos do mar, da terra e do céu. Mais tarde, Mawu lhe diria os deveres deles.
Gbadu está sempre na árvore.
Legba foi encarregado por Mawu, para escalar a árvore de palma, a cada manhã, para abrir os olhos de Gbadu.
Quando Legba escala a árvore de palma, pergunta primeiro a Gbadu que olhos deseja ter aberto, se os detrás, da frente, da direita ou da esquerda. Ao ouvir a pergunta, Gabdu presta atenção ao reino do mar, da terra e do céu.

Em resposta a Legba, põe semente da palma em sua mão. Se colocar uma semente, significa que deseja abrir um de seus olhos e se forem duas sementes, Gabdu deseja que dois de seus olhos sejam abertos.
Quando Legba abre seus olhos, ele mesmo olha bem de perto o que está acontecendo no mar e na terra e prometeu a Gbadu, que é chamado de Fa, que relataria tudo à ele, inclusive o que acontece no domínio de Mawu, o Orum.

Depois de um tempo, Gbadu começou a gerar crianças. A primeira criança era Minona, uma filha. A segunda criança também era uma filha. Todas as outras crianças eram filhos e foram chamados de: Aovi, Abi, Duwo, Kiti, Agbankwe e Zose.
Um dia, Gabadu confidenciou a Legba que estava incomodado porque Mawu ainda não tinha lhe designado seu trabalho.
O único que conhecia a língua de Mawu era Legba e este prometeu a Gbadu que o ensinaria.
Algum tempo após isto, Legba disse a Mawu que havia uma grande guerra na
terra, no mar e no céu e que, se Gbadu ficasse apenas olhando do alto, esses três reinos seriam logo destruídos.
Isto estava acontecendo porque os donos daqueles reinos não compreendiam a língua de Mawu.
Mawu perguntou: "O que deve ser feito?". Legba disse que o melhor seria enviar Gbadu à terra. Mas Mawu respondeu: "Não, deixe Gbadu permanecer aqui, mas darei a compreensão de minha língua à alguns homens na terra, ai os homens saberão o futuro e como comportarem-se".

Mawu mandou Legba encontrar três filhos de Gabdu.
Antes que essas crianças de Gabdu fossem para a terra, Mawu entregou as chaves do futuro para Gabdu. Disse-lhe que aquela era uma casa com dezesseis portas e que cada uma correspondia aos olhos de Gabdu.
A árvore de palma em que Gbadu descansou foi chamada de Fa. Assim, quando Gbadu recebeu as chaves, Mawu disse que Legba era o "inspetor" do mundo e que desejava que Gbadu fosse o intermediário entre os três reinos.
Quando os homens desejarem saber o futuro a fim de guiarem suas ações, deveriam pegar as sementes e jogá-las e isto abriria os olhos de Gbadu que corresponde ao número de sementes e a ordem em que caíram. Porque
as sementes abririam o olho que correspondesse a uma porta na casa do futuro, o destino para quem fossem jogadas poderia ser visto.
O que cada casa do futuro continha foi ensinado às três crianças que foram
enviadas à terra.
As crianças escolhidas para ligarem a terra Gbadu e Legba, Mawu, foram Duwo, Kiti e Zose.
Trouxeram sementes da palma com elas, mostrando aos homens como usá-las.
Ensinaram e disseram a cada homem o que era seu sekpoli (destino).
O sekpoli é a alma que Mawu deu a tudo, mas antes de chamar esta alma, deve-se jogar as sementes. É preciso saber o número de olhos de Gbadu que estão abertos antes de chamar esta alma, de modo que se um homem souber o número de linhas que o Fa seguiu para ele, sabia seu sekpoli.

Quando os três tinham terminado de ensinar aos homens, voltaram ao céu.
Mawu enviou todas as crianças de Gbadu à terra. Foram conduzidos por Legba, que os instalou.
Quando voltaram, Zose recebeu o título de Faluwono,  conhecido como
Bakonon,  quer dizer "possuidor dos segredos de Fa", que Gbadu tinha lhe
dado.
Minona tornou-se uma deusa e reside na casa das mulheres, onde ela tece algodão em seu eixo.
Duwo recebeu o nome de Bokodaho. Reside nas casas de Pa (crianças de Agbadu), enquanto Kiti e Duwo foram ajudar Zose, que é Faluwono, fazer seu trabalho.
Zose joga as sementes da palma. Seu irmão, Aovi, o azarado, foi encarregado de fazer com que as pessoas respeitassem o culto.
Se o Fa disser algo e você não fizer, chama-se Aovi para puni-lo. Então você
deve respeitar o Fa.
Pa fez uma figura pequena de argila de Legba e colocou-a de um lado de sua casa , Aghannukwe. Abi foi chamado para dar a Minona a mesma função que Aovi tem para o Fa.
Abi é cinzas, combustão. É isso que faz com que as mulheres respeitem Minona. Quando uma mulher cozinha e Minona está irritada com ela, o fogo queima-a ou sua casa pega fogo.
E é  quando na cerâmica é ateado fogo está se chamando Abi, porque as cinzas, a combustão, são abundantes.
Aovi é muito severo, o culto passou a ser respeitado e assim culto do Fa espalhou-se em toda parte.

Nohê Aikunguman
(Mãe terra)
No culto dos Voduns, Nohê Aikunguman é a base de tudo que é fundamento, somente Aikunguman pode sustentar uma base sólida para apoiar
e firmar um templo de Voduns.
Tem vários Voduns que pertencem ao panteão de Aikunguman. 

POR :VLATIMA
CONSULTAS POR E-MAIL:  vlatimavandragan@hotmial.com
POR CELULAR: (11) 9695-1227

VESTIMENTA DAS TOBOSSIS


VESTIMENTAS  DAS TOBOSSIS


Os trajes e apetrechos das Tobossis são muito elaborados.
As Tobossis vestiam-se com saias coloridas, usavam pulseiras chamadas dalsas, feitas com búzios e coral, pano-da-costa colorido, o agadome, sobre os seios,
deixando o colo e os ombros livres para o ahungelê, uma manta de miçangas coloridas, presa no pescoço, objeto de grande valor e significado.
 O ahungelê, era uma tarrafa de contas, gola das Tobossis ou manta das
Tobossis, sendo considerado um distintivo religioso do Jeje. Ele conta  a
história particular da Tobossi vinculada ao Vodum, sua família e a iniciada, gonjaí.
As Tobossis usavam, vários rosários, fios-de-contas e o cocre, colar   de
miçangas curto, junto ao pescoço como uma gargantilha, usado pelas Tobossis e pelas gonjaí durante o ano de feitura, cuja cores variam de acordo com seus
Voduns, semelhante ao quelê dos terreiros de Candomblé.
Os trajes das Tobossis são muito delicados e feitos artesanalmente, que
segue com as cores  própria e do domínio das Tobossis.


AS TOBOSSIS NAS FESTAS

Quando apareciam publicamente, as Tobossis vinham cumprir certas obrigações, eram destaque nas  festas do Carnaval.
As Tobossis vinham três vezes por ano: Nas festas de Nochê Naé - em junho e no fim do ano. No Carnaval, as grandes festas duravam vários dias.
O Carnaval é uma comemoração da qual participavam os membros do Barracão e visitantes. No Carnaval, elas ficavam desde a noite do domingo até as 14 hs da quarta-feira de cinzas. Na segunda-feira, alguns Voduns vinham visitá-las. Sendo recebidos pelas outras filhas da Casa, as voduncirrês.

Era das Tobossis a tarefa de tomarem conta das frutas do arrambam, obrigação, lembra a quitanda dos terreiros de Candomblé.
As frutas ficavam no Peji para serem distribuídas na quarta-feira de cinzas.
Durante o Carnaval, as Tobossis brincavam com pó e confete.
Na terça-feira à tarde, dançavam na grande sala e na quarta, pela manhã, dançavam em volta da cajuazeira. Distribuiam acarajé em folhas de "cuinha" e depois eram despachadas.

TOBOSSIS GEMEAS


Durante as grandes festas de Nochê Naé, elas vinham durante nove dias, entre os dias de dança, nos intervalos de descanso. Ficavam durante o dia, cantavam suas cantigas próprias, dançavam na sala grande e no quintal e brincavam com seus brinquedos.
O reconhecimento de cada festa/obrigação está no vestuário e nos alimentos. O alimento é uma forma de identificar a divindade, seu papel, suas características no contexto da ligação com os deuses e  ainda o  alimento, é uma forma de comunicação com os iniciados, visitantes e amigos do Barracão.

As informações mais antigas que encontrei sobre os Voduns do panteão do trovão, são do final do séc. XV e princípio do séc XVI. Nas aldeias, nos arredores do atual Allada, era cultuado o Vodum Setohoun (espírito da laguna).
Quando Setohoun chegou a aldeia de Hevie (reviê), os nativos o batizaram com o nome de Hevioso.
Em Dahomey ele recebeu o nome de Xevioso, quando chegou trazido por uma nativa da aldeia de Hevie. Na cidade de Mahi era cultuado o Vodum Djiso (djisô), na tribo Djétovi. Nesta mesma cidade, também eram cultuados os Voduns: Gbameso, que tudo indica ser o Bade que conhecemos no Brasil;
Akhombe-so; aroutêsô e Djakata-so. Em toda a região do Dahomey atual Benin, todos esses Voduns inclusive o Orixá Shango são chamados de SO (raio). Sogbo é, para o povo daometanos a grande deusa, mãe de todos os Voduns So e irmã de Hevioso. Junto com seu irmão lidera a família.

Dahomey.
Com essa expansão, novos Voduns foram surgindo, como:

Adantohun= seria o que conhecemos como Soboadan.
Ahuangan = Alansan, Kasu Kasu, Saho (sarrô).
Aden  = (feminina), buêssu, Akele, Besu, Ozo  Kunte( feminina), Naete  (feminina), Beyongbo, (feminina)
Avehekete = Dawhi, Hungbo, Salile, Agbe (feminina) ,Ahuangbe.
Os vodun e Hunos, das tribos litorâneas, prestavam culto aos xwala-yun (deuses do mar) e adotarem o culto a So, Agbe e Naete , que foram colocados  no mar junto ao grande Vodum Hun e que a partir daí, o culto dos dois panteões se fundiram nos cultos.
No Brasil é comum as pessoas chamarem todos os Voduns do panteão do fogo de “Sobo”.

Os Voduns e suas simbologias:

Kasu Kasu = Guerreiro que defende as aldeias e  casas de santo onde é cultuado. Os inimigos têm pavor de Kasu, porque  quando  luta, ele gospe fogo sobre os inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se a frente da aldeia e ou casa de santo e abre seus braços criando um obstáculo que impede os inimigos de atacar.  

Sogbo (sobo) = Vodum feminina considerada a mãe de todos os So. Faz trovejar para alertar os homens, de que os deuses  da justiça estão insatisfeitos e que o trovejar é sinal do castigo que está vindo.
Djakata-so =  Entidade muito forte. Quando irado, arranca  árvores e as joga sobre os inimigos e aldeias. Defende seus filhos mesmo que eles estejam errados, porque só ele pode bater em seus filhos.

Hevioso = Seus raios rasgam os céus, formando o som dos trovões,
destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos. Dizem os Hunos que é preciso oferecer sacrifícios ao deus do trovão para aplacar sua fúria. Ele odeia ladrões e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso dá a chuva e o calor que tornam férteis a terra e o homem.

Akholongbe = Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, ë faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo.

Ajakata (ajacatá) = O grande guardião dos céus. Somente ele possui as chaves que permite a entrada dos homens nos céus.

Gbwesu = É uma das mais calmas, é os sons suaves dos trovões no horizonte.

Akele = É quem puxa as águas do mar para o céu e a transforma em chuva.

Alasan = O mais velho de todos. Ensinou ao homem o culto de So.

Gbade  = Jovem, guerreiro, brigão, implicante, muito barulhento. Adora beber e arruma bastante confusão deixando todos atordoados. Adora esconder as coisa (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando.Sua morada são os vulcões.

Adeen = É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que
fulminam.

Aden = Vodum masculino do panteão do trovão, que veste roupa branca.

Dá as chuvas finas que faz as árvores frutificarem e é guardião das árvores frutíferas. É o Vodum Adaen conhecido no Brasil. Em um combate, mata os inimigos pelas costas. Todo cuidado é pouco para lidar com esse Vodum, pois  ele não demonstra seus desagrados.

Ahuanga = Vodum masculino muito velho e grande feiticeiro do panteão do trovão, filho de Saho. Em um salto transforma–se em fogo para proteger seus seguidores e queima seus inimigos, depois disso desaparece numa moringa. Tudo que é seu é enterrado.

Auanga = Vodum masculino do panteão do trovão,irmão de Avehekete.
Habita as cavernas  marinhas. Suas águas engolem os ladrões. São muitos os Voduns desse panteão.

Os So ou Sobos não gostam de malfeitores e ladrões de um modo geral eles se irritam e matam esses elementos.
A água da chuva depositada nos telhados é um dos seus maiores beko (becó(kisilas)). Também não gostam de feiticeiros e bruxos e se esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina.

Os akututos (eguns)=  não constituem um beko para esses Voduns, mas eles não gostam muitos dos mesmo. Quando é necessária a presença de um deles para afastar esses espíritos, se fazem presente e com muita energia os afugentam.
Sua principal dança é o hundose , no Brasil e o dogbahun, na África,

Chocoalho de So =  é o Sosiovi (sôssiôvi)
O machado de Heviosso= é o Sokpe (sopé), feito de pedras de raio.
Os Sos ou Sobos  representam vida, saúde, prosperidade e vitórias.
Voduns das Águas OceânicasO oceano abriga uma quantidade  imensa de entidades, onde  encontramos muitos Voduns masculinos e femininas.

Para falarmos sobre as Naês (mães) que habitam o oceano, também devemos falar dos Voduns masculinos que moram com elas.
Para os seguidores do culto Vodum o oceano é o grande Hu-nos considerado o maior de todos os Voduns.

Naete e seu esposo Vodum Hou, são os deuses que reinam esse
universo oceânico. Enquanto Naete fica nas águas calmas, Vodum Hou desbrava todas as regiões e dá a cada Vodum suas tarefas.
Naete (naêtê) = Vodum feminino do panteão do trovão, habita as águas calmas, esposa de Vodum Hou.
Hou = Vodum masculino do panteão do trovão casado com Naetê, pai de Aveheketi, trindade muito cultuada  nos templos do Trovão. Sua morada são as viradas e forças das ondas que arrebentam no litoral.
Vodum Nate = Vodum do panteão do trovão que habita o mar. Adorado
pelos pescadores e por todos que trabalham no mar. É o grande guardião que habita em todo o oceano, mar e praias.

Sayo =  Vodum feminina do panteão do trovão. Habita as ondas do mar que sobem o nível do oceano subir. É uma sereia.
Vodum Tokpodun = Vodum feminina, deusa do rio, traz iluminação para as cabeças e sua tranqüilidade traz a paz. Símbolo de beleza,feminilidade, fertilidade, graça e caráter.  Tokpodum foi expulsa do oceano por seus irmãos por seu caráter forte indo morar no rio.
Vodum Tchahe = Vodum feminina do panteão do trovão. Habita as marulhas das ondas das águas oceânicas.

Vodum = Vodum masculino do panteão do trovão. Realiza tudo através de um talismã que preparou junto com seu pai. Dança com
muito vigor, gira em torno de si mesmo e transforma–se na água que é Hu, o mar.
Após, sai e pede a uma vodunsi que recolha água do mar, coloque em um ponte e a esquente. Formando o Sal (huladje).
Vodum Avehekete = Vodum masculino do panteão do trovão,muito
agitado, habita a arrebentação marinha. É quem leva as mensagens de seu pai, Vodum Hou, às divindades marítimas e aos homens.
Voduns gêmeos Dôtsê e Saho = Dôtse nasceu à noite e Saho de
manhã. Ela tem um olho em um lado da terra e Saho no outro lado. Considerados os Voduns que olham o mundo, habitam sobre o mar, sendo um Panteão do Trovão.

Vodum Yedomekwe = Vodum feminina que faz chover. Habita na
evaporação das águas oceânicas.
Goheji (gôrêji) = Vodum jovem muito alegre e falante, habita o encontro das águas das lagoas com o mar. Essa mãe  fica muito aborrecida se algum caçador mata ou fere as  aves, patos, gansos, etc.. Veste roupas azul, verde água, prateado com rosa clarinho ou azul. Gosta de adornos prateados, pérolas e perfumes suave. Pertence ao panteão da terra.  Em seu assentamento podemos colocar bonecas coloridas e outros brinquedos de menina.

Vodum Aboto = habita as águas doces profundas que desembocam no mar. É sempre confundida tanto como Oxum quanto como Yemanja. Uma das Voduns mais velha do panteão da terra. Veste branco, branco com  amarelo clarinho, suas contas são amarelo pálido. Gosta deadornos dourados e perfume.

Os gêmeos Dazodje  e Nyohuewe Ananu = habitam nas riquezas depositadas no fundo do mar e são considerados os Voduns da Riqueza.
Não à feitura de cabeça com eles.
Erzulie = Vodum feminino, pertence ao panteão da terra. É considerada a mãe de Agué e Olokwe. Essa Vodum  é conhecida como Erzulie-Dantor, poderosa conhecedora da alta magia.
Mas um perigo, porque quer levar todos para o fundo do mar e neste momento  devemos chamar o  Vodum Abe  e Vodum Sayo para que eles convençam Erzulie que nosso lugar é na terra.
Oulisa =  Vodum masculino que habita as águas claras e frias do ocean. Veste branco com detalhes prateado ou dourado. É um Guerreiro dos Mares. Panteão da terra.

Abe (abê) = Vodum feminina irmã de Bade, panteão do trovão. Habita as águas revoltas do oceano. Nos  naufrágio é ela junto com Vodum
Sayo que tentam salvar os náufragos. Considerada uma das mais velhas mães do mar.
Noche Abe = é considerada a palmatória do mundo, cabe a ela mostrar as verdades e não deixar que essas sumam nas águas, dizem os antigos que o ditado "A verdade sempre anda sobre as águas, nunca afunda, um dia ela aparecerá na praia" foi dito por Abe.
 Erzulie e  Abe = são conhecedoras de alta magia. Veste branco, azul muito clarinho.

As Voduns Abe Huno, Abe Gelede, Abe Afefe =   são Voduns guerreiras dos raios, tempestades e ventos.
Naê Aziri = Vodum das águas doces que muito se assemelha ao Orixa Oxum.
Panteão da terra. Essa Vodum é muito confundida com a Vodum Aziri-Tobosi
 que habita o alto mar e é a protetora de todas as embarcações que
navegam no oceano.

Afrekete = é a mais jovem e mimada Vodum do panteão do trovão,
habita em todo o oceano, desempenha o papel de Legba, guardando os mares. Protege os pescadores e pune todos aqueles que insultam os deuses e habitantes do mar.

Quando vê uma embarcação pirata, agita as águas para que essa naufrague e após esse, entrega todo o tesouro encontrado aos Voduns da riqueza e os mortos à Abe Gelede.
Aouanga (auangá) =  Vodum masculino do panteão do trovão, irmão de Avehekete. Habita as lagunas marinha. Suas águas engolem os ladrões.

Agoen (agôêm) = Vodum filho de Saho, reina na areia branca que cobre o chão das praias e oceanos.
Agwe (agüê) = Vodum feminina do panteão da terra que habita sobre as águas oceânicas. É afetuosa, está  atenta as necessidade alimentares do homem e os ajuda a prover sua mesa, usando sua arma principal, a dam (rede).

São tantos os Voduns que habitam as águas oceânicas. Já assisti um culto , chamado de  GOZIN, onde fazem oferendas à todas as divindades que habitam as águas. É um momento de muita energia, e gritam alto “Agoki-Agoka” (agôqui-agôcá).
Respeitados em todo o Dahomey e na Hou nule ye!.



“Que os deuses do oceâno abençoem vocês!”


Yewa =é um vodum feminino da família Dambirá, nasceu para ser o símbolo da pureza e da beleza dos deuses. Do nascimento a fase adulta Yewa viveu na família de Dan onde representava a faixa branca do arco-íris onde também mora Ojiku. Recebeu de Dan Wedo o poder da vidência, da riqueza, e todos os corais que existiam no mar que ela pegava com seu arpão.

Muitos homens se apaixonaram por ela e todos foram punidos pelos deuses, pois era proibido amar a grande Virgem.
Yewa adorava ver o por do sol e sempre saía a passear pelos campos floridos acompanhada por dois bravos guardiões que não permitiam que ninguém se aproximasse dela. Era um casal de gansos branco, lindos e majestosos. 

Um dia Yewa avistou um belo homem, um guerreiro e se encantou por ele, enfrentou e desafiou todos os deuses por amor a esse homem e teve como castigo o exílio. Foi expulsa da família de Dan e considerada a cobra má. Em sua  fuga, Yewa contou com a ajuda de um grande caçador e guerreiro, Odé, que a escondeu nas profundeza das matas escuras, em terras yorubanas.

Aprendeu a caçar junto com ele e com os demais caçadores.
A beleza de Yewa encantava , Odé então, fez para Yewa uma coroa de dans e folhas de palmeiras desfiadas. Mandou que ela a coloca-se, assim ninguém se aproximaria dela com medo das dans e as folhas desfiadas da palmeira esconderiam sua beleza contagiante. Yewa gostou do presente.

Com o uso dessa coroa Yewa pode sair da escuridão das matas e ir ver o que mais ela amava; o por do sol. Faltava-lhe seus guardiões, pediu
ajuda a Odé e esse caçou para ela um casal de gansos negros, pois foram os únicos que encontrara. E assim, Yewa passou a ver e a viver o por do sol novamente em seu exílio. Após um tempo, foi perdoada pelos deuses e Yewa foi morar no reino dos mortos junto com Azonze e com esse passou a exigir o cumprimento da moral e dos bons costumes. Em sua nova morada Yewa recebeu o caracolo/aracolê onde guarda os segredos dos ancestrais e os invoca quando é preciso, e o eruxim com o qual espanta os egum para o caminho de Oya.
Yewa é um Vodum raríssimo de ser encontrado no TA (cabeça) de alguém.

A feitura de Yewa deve ser sempre em TA de virgens e nunca em TA de homens.
Por ter o poder da vidência, Yewa tem o poder de nos livrar do mal.
Quem sabe cuidar desse Vodum, se livra facilmente dos invejosos.
Encontramos Yewa tanto nas águas quanto nas matas e mundossubterrâneos (aquático e terrestre), mas seu local preferido é sempre o horizonte, onde o por do sol faz o encontro dos dois mundos e o céu se encontra com a terra, "Isso é Yewa".
Nesse panteão temos vários Voduns. O mais velho que se tem notícia é Toy

Akossu, no transe, ele se mantém deitado na azan (esteira). Dizem os mais velhos, que Toy Akossu é o patrono dos cientistas.
Esses Voduns são rigorosos no  moral e os bons costumes. Nunca
admitem falhas morais dentro dos kwes e, quem faz essa fiscalização para eles é Ewá, filha de Toy Azonce.

As cores de contas e roupas usadas por esses Voduns podem variar de acordo com o gosto de cada um. Todos usam roupas feitas de palha da costa sendo umas mais curtas e outras mais compridas. Sakpatá usa todas as cores e o estampado, sempre com a presença das cores escuras.

Símbolo fortemente ligado a Sakpatá, a palha da costa é a fibra da ráfia, obtida de palmas novas, que é chamada de raphia vinifera.
No Brasil, recebe o nome de Jupati. A palmeira é considerada a "esteira da Terra".
A palha da costa, tendo sua origem na palmeira, ganha o simbolismo universal de ascensão,  da certeza da imortalidade da alma e da ressurreição dos mortos. Um símbolo da alma.  Também é reservada aos deuses ancestrais, numa afirmação de sua ancestralidade e eternização.
Os Sakpatás podem trazer nas mãos o xaxará, ou o bastão, a lança, o illewo ou ainda, uma pequena espada. A maioria deles mantem o rosto coberto pela palha da costa, dificilmente mostram o rosto. Todos  usam  búzios e chaorôs (guizos).


POR: VLATIMA
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