sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A HISTÓRIA DO CANDOMBLÉ




A HISTÓRIA DO CANDOMBLÉ




O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões Afro-Brasileiras com similar origem; e com religiões Afro-derivadas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodoo Haitiano, a Santeria Cubana, e o Obeah, os quais foram desenvolvidos independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.

NAÇÕES

Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewe, os Fon, e os Bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.


A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:

Nagô ou Iorubá
Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Iorubá ou Nagô em Português)
Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Ijexá principalmente na Bahia
Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo
Mina-nagô ou Tambor-de-Mina no Maranhão
Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).

Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Kikongo e Kimbundo línguas. O Candomblé de Caboclo (entidades nativas índios)

língua Ewe e língua Fon (Jeje)
Jeje Mina língua Mina São Luiz do Maranhão
Babaçuê no Pará
Omoloko, Rio de Janeiro e Minas Gerais (quase extinto).

SINCRETISMO


Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorixá.

Casas de linhagem patriarcal: (só homens) assumem a liderança da casa como Babalorixá no Culto aos Orixá ou Babaojé no Culto aos Egungun.
Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderança da casa.

A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios.

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O CANDOMBLÉ E SUA IDENTIDADE 




A iniciação ritual no Candomblé é um processo de construção de uma identidade psicológica permanente entre o participante e a entidade. O transe de incorporação no Candomblé tem por objetivo principal o auto-reconhecimento recíproco entre o ‘santo’ e seu ‘filho’, o reatamento simbólico do mundo dos homens (Ayé) com o mundo dos deuses (Orum). 
  
NAÇÃO: NAGÔ(KETU), língua ioruba, entidades Orixás, Toques de músicas: Ajicá, Aguerê, Opanjé, Darô, Alujá e Ibi.

NAÇÃO: JEJ-FON, língua Ewe, entidades Os Voduns, Toque de musica: Arramunha, Bravum e Sato.

NAÇÃO: ANGOLA E CONGO, língua Banto e Português, entidades Os Inkices, Toques de música: Barravento, Cabula e Congo.

Este processo simbólico entre os participantes e os Orixás não existe apenas no momento do transe ritual, a identidade entre o iniciado e seu santo corresponde a incorporação psicológica  e as características do orixá na personalidade de seus filhos. Esta identidade começa não só através da iniciação, se desenvolve lenta e gradualmente nos transes, mas também é reforçado  nas obrigações sucessivas e renovada nas festa públicas dos santos, quando toda a comunidade esteja presente.

Os rituais do Candomblé consistem  de um conjunto de temas , símbolos, incorporação de forças naturais personificadas em comportamentos e estórias, que se sucedem durante a cerimônia. Cada entidade se manifesta através de um transe característico, produzido por imagens, sons, cheiros, gostos, danças, ritmos, cores, trajes e adereços específicos. Invocados através dos toques e da dança, e de três tambores cerimoniais (rum, rumpi e lé), os deuses africanos incorporam em seus ‘filhos’, fazendo os grandes feitos místicos e lendas: a luta dos irmãos Ogum e Xangô pelo amor de Oxum, a viagem de Oxalufã ao encontro de seu filho Xangô, as aventuras amorosas de Yansã ... As entidades são, ao mesmo tempo, fundamentos psíquicos de comportamentos humanos e forças místicas da Natureza.

São representadas nos rituais como identidades sagradas que se manifestam dentro de uma estrutura, para ajudar o mundo.
Há uma ‘economia energética’, onde forças espirituais são manipuladas e manipulam os corpos dos participantes, em um espetáculo coreográfico que associa imagens a temas, a ritmos determinados. Essas associações audiovisuais são produto e instrumento de um processo de construção de uma identidade simbólica, que vai de acordo com a tradição cultural de cada Nação do Candomblé e com a força da entidade invocada, como:

ENTIDADES DAS NAÇÕES DO CAMDONBLÉ

NAÇÃO KETO-NAGÔ
ORIXÁS: 

OLORUM OU OLODUMARÉ
OXALÁ
OGUM
OXÓSSI
OMÚLU
XANGÔ
YANSÃ
OXUM
YEMANJÁ
OXUMARÉ
OSSAIM
EXÚ/IROKO
NANÃ-BURUKÊ

NAÇÃO JEJE-FON(VODUM)
ENTIDADES

MAVU LISSA
OLISSA

SAPATÁ
SOBÓ
OIÁ
AZIRI TOBOSSI
ABÉ
BESSÉM E DÃ
AQUÊ
LOKO
NANAMBICÔ

NAÇÃO ANGOLA-CONGO (INKICE)

ZAMBI OU ZANIA POMBO
LEMBÁ OU LEMBARENGANGA
SUMBO MUCUMBE
MUTALAMBÔ OU TAUAMIM
BURUMGUNÇO OU CUQUETE
CAMBARANGAJE OU ZAZE
BAMBURUCEMA OU MATANBA
QUICIMBA OU CAIALA
BANDALUNDA
ANGORÔ
CATENDE (CAIPORA)
TEMPO
QUERÊ-QUERÊ



Fazendo uma  comparação, entre as  três nações é que nos Voduns e nos Inkices estão, as mesmas forças místicas que formam os Orixás nagôs, mas trazem  outras forças e outros conceitos. No caso dos Jeje, existentes no Haiti, em Cuba e no estado brasileiro do Maranhão, os Voduns cultuados são em número maior que os orixás mais conhecidos  no culto Iorubá. 

Os Voduns podem ser divididos em homens e mulher; e, em moços e velhos, somando um total de quarenta entidades. Já no caso dos ritos bantos,  a outra uma ancestralidade, entidades provenientes da mitologia indígena e também a presença de diversos tipos de espíritos de mortos (caboclos, preto velhos, crianças, índias).

De uma forma geral, podemos dizer que o modelo ‘Jeje-Nagô’ é  o mais tradicional, o menos permeável a mudanças e influências culturais, o mais próximo do modelo africano original ainda hoje existente na Nigéria. Em oposição a esta tendência tradicionalista do modelo Jeje-Nagô, o grupo cultural dos Bantos (nações de Angola e Congo) foi o que mais se sincretizou. 

Os Bantos, mesmo depois de um primeiro momento de autonomia religiosa, viram seus rituais progressivamente desagregarem, para dar lugar ao sincretismo afro-ameríndio (Catimbó, Candomblé de Caboclo, a pajelança e o culto a entidades indígenas) e ao afro-espírita (Jurema, Umbanda) ou se adaptaram as regras ditadas pelos candomblés nagôs, não se distinguindo destes senão por seus cantos, entre  o banto com o português em louvores a ‘Zambi’.
O modelo Jeje-Nagô ou baiano apresenta, dezesseis orixás principais: Exú, Ogum, Oxossi, Ossaim, Xangô, Iansã, Oxum, Obá, Nanã Burukê, Omulú, Oxumaré, Iroko, Ibeji, Logunedé, Yemanjá e Oxalá..



SISTEMA JEJE-NAGÔ E OS VEGETAIS

Osanyìn, o orixá patrono da vegetação e divindade das folhas  medicinais. É cultuado nos terreiros de Candomblé, principalmente, durante o processo iniciático quando banhos, atin (pós) e “descarrego” são feitos com o auxílio das folhas.
Sua importância é tão grande dentro da religião que, nenhuma cerimônia pode ser praticada sem a sua participação, pois sendo o detentor do axé contido nos vegetais, todos os orixas dependem dele, por isso diz-se que sem folhas não tem orixa – Kosí ewé kosí Òrìxá.

O sistema de classificação dos jêje-nagôs, que diz respeito aos vegetais, são dos quatro elementos que é visto como universal, Fogo, Água, Terra e Ar.
Sendo os orixas/voduns, representações vivas destas forças que regem a natureza, as folhas a eles atribuídos, na religião, associam-se, a estes elementos. Deste modo, os vegetais estão colocados, diretamente  aos quatro elementos da natureza,como:

No Elemental Fogo esão as  Ewé inan(Folhas do Fogo)
No Elemental Água estão as Ewé Omí (Folhas da água)
No Elemental Terra estão as Ewé Ile (Folhas da terra)
No Elemental Ar estão as Ewé Afefé(Folhas do Ar)

Nestes quatro Elementos,  todo o sistema religioso, jêje-nagô. Sendo assim, cada orixá possui uma característica própria que é transmitida ao seu iniciado, o que possibilita identificar, seus pais míticos, e qual orixá que rege a pessoa. Temos:

Orixás relacionados ao Fogo: Exu, Xangô e Oiá
Orixás relacionados a Água: Yemanjá, Oxún, Oba, Oiá, Ewá, Oxumaré, Nàná, Oxosi, Òxàlá
Orixás relacionados a Terra: Osanyin, Ògún, Oxosi, Omolu
Orixás relacionados ao Ar: Òxàlá, Oxumaré e Oiá.

A divisão do óríxá em qualidades,  faz com que estes pertençam a mais de um elemento. Ex.: Exù que se relacionam com todos os orixás; Ògún e Oxosi que vivem na água; Oiá que possui caminhos de fogo, água, mato; Oxumaré que transita entre o céu, a terra e as águas etc.

Os vegetais se dividem, dentro de um sistema  Masculinos e Femininos que são determinadas pela forma de suas folhas:
Folhas alongadas ou que possuem forma fálica são masculinas.
Folhas arredondadas ou que possuem forma uterina são femininas.
As folhas  masculinas estão associadas aos orixás masculino, bem como as femininas, aos orixás femininos, todavia, eventualmente encontraremos algumas folhas femininas usadas para orixás masculino e algumas masculinas utilizadas para as ìyába, o que reflete a própria relação familiar dos orixás masculinos com femininos. Como  Ògún filho de Yemanjá, as folhas femininas usadas para esta ìyába é freqüentemente usada para este orixás.

Os jêje-nagô consideram, ainda que as folhas podem estar posicionadas no lado direito,” Ewé opa otun” , que é masculino e positivo em oposição ao esquerdo e  “Ewé opa osí” , que é feminino e negativo.
Os compartimentos que contem as ewé inan (folhas do Fogo) e ewé Afeefe (folhas do Ar) estão associados ao masculino, elementos ativo e fecundantes.
As ewé omí (folhas da Água) e as ewé Ilé (folhas da Terra) se ligam ao feminino, elementos passivos e fecundáveis.
Mas algumas folhas positivas se relacionam com o lado esquerdo ou feminino e vice-versa, daí, encontrarmos folhas femininas usadas com fins positivos e folhas masculinas consideradas negativas.

Os vegetais, quando bem dosadas de acordo com a situação de cada indivíduo. Os vegetais considerados gún estão ligados aos elementos Fogo ou Terra, e  os considerados” éró”, relacionam-se com os da Água ou Ar. Elas são interpretadas  pelas pessoas do candomblé como fria (eró) ou quente (gún).
Quando utilizadas nos rituais de iniciação ou nos trabalhos religiosos, os vegetais, éró tem a função de abrandar o transe, apaziguar ou acalmar o orixa, mas  os  gún servem para facilitar a possessão e excitar o orixa.
Os vegetais gún e éró são tem a  finalidade de:



Tîtî (folhas fresca) eró
Rinrin (folha úmida) eró
Pèrègún (Provoca o transe) – gún
Tîtîrîgún (Que produz transe) – gún
Iroko (Produz calma) eró
Ewé ina (Folha de fogo) gún

È importante, estudar e sempre rever, que o ofó (encantamento) é que determina a função da folha, embora exista todo um sistema classificatório para os vegetais, cada folha traz em si a função a qual ela se destina. Como  Peregún que no seu ofó é considerado o senhor da maldição, tem a finalidade de retirar maldições das pessoas.

O Ewuro, a folha amarga, tem por função de retirar o amargo da vida. 
Teté, Rinrin e Odundun são folhas calmantes mas, com função de atrair prosperidade para seus usuários.
“Ewé njé Oògún njé Oògún tikò jé Ewé re í kò pé”
“As folhas funcionam. Os remédios funcionam. Remédio que não funciona é porque faltam folhas”.

Orixá Onilé – Sobre a Terra repousam nossos ancestrais -
Cultuada discretamente em terreiros antigos de nação africana, a Mãe Terra desperta curiosidade e interesse entre os seguidores dos orixás, sobretudo entre aqueles que compõem os seguimentos mais intelectualizados da religião.

Onilé é um Orixá que representa a base de toda a vida, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte, é o princípio e representação coletiva dos elegun e Egungun. São os primeiros a receber as oferendas e a ser evocado nos ritos dos sacrifícios. Todo terreiro possui o acento de Onilé,  denominado como o fundamento da casa ou simplesmente Axé da casa, onde todos  reverenciam este local. Também chamado pelo "Povo de santo" de Oluaye, Aiê, Ilê e Sakpatá.

A primeira parte de todos os sacrifícios de (Ejé) sangue é sempre derramada sobre a terra, independente de para qual entidade ou divindade seja o sacrifício, este gesto é uma forma de lembrar e reconhecer o poder de Onilé. Tudo vem da terra e a ela retorna.
Elegun (em Yorubá Elégùn) é  o conceito dos "iniciados" nas religiões tradicionais africanas e de matriz africana ou de afro-descendentes, inerente ao culto do Orixá. É aquele que passou pela iniciação, Feitura de santo ou iniciação nagô, sujeita ao transe de incorporação. Os chamados não rodantes não são considerados Elegun.

Todo elegun é um olóòrìsà (aquele que possui um orixá), que habita no seu interior e pode ser expressado em qualquer hora e lugar.
Tratando de  Onilé, a Dona da Terra, o orixá que representa nosso planeta como um todo, estaremos tratando o mundo em que vivemos.
Onilé, a Terra, tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião dos orixás, interessados em recuperar a relação orixá-natureza, o culto de Onilé é a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há em seu mundo.



"MUITO AXÉ"


POR: VLATIMA
CONSULTAS POR E-MAIL: vlatimavandragan@hotmail.com
POR CELULAR: (11) 9695-1227 Brazil





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